Lideranças jovens debatem importância de uma bioeconomia inclusiva na Amazônia

Foto: Alex Ribeiro – Agência Pará

Da Redação – Portal O Login da Notícia

Mais protagonismo da juventude nas decisões políticas e criação de incentivos para uma bioeconomia inclusiva e sustentável foram as principais pautas do debate “Planos de Sociobioeconomia na Amazônia Legal”, realizado no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, localizado em Belém (PA), no início de agosto, como parte dos Diálogos Amazônicos, iniciativa pré-Cúpula da Amazônia.

O evento foi promovido pela Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável (COJOVEM) e a Conferência Nacional das Favelas e o Movimento Tapajós Vivo (MTV), com apoio do Hub de Bioeconomia Amazônica, que é vinculado à Coalizão pela Economia Verde (Green Economy Coalition, em inglês) e tem secretaria executiva da Fundação Amazônia Sustentável (FAS). O debate na íntegra está disponível no Instagram: @cojovem.br.

A atividade reuniu as lideranças jovens Noranathan da Costa Guimarães e Alice de Matos Soares, educomunicadoras e militantes no Movimento Tapajós Vivo (MTV); Natália Moraes, diretora da Coordenação de Povos e Comunidades Tradicionais na Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável (COJOVEM); e Rayandra Araújo, assistente de Políticas Públicas e Cooperação Internacional na FAS.

As principais pautas do debate foram os avanços, desafios e oportunidades para o protagonismo das juventudes dentro dos processos de tomada de decisão e formulação de políticas públicas, como também na construção de mecanismos de incentivo produtivo que fomentam uma sociobioeconomia inclusiva nestes estados, considerando as demandas apontadas pelas juventudes.

“Para nós do Hub de Bioeconomia Amazônia, é fundamental a participação e a escuta das juventudes dentro dos espaços de decisão e de formulação política que pautam o futuro da bioeconomia amazônica. Fomentar e incentivar a criação destes espaços conectam-se diretamente a nossa estratégia de incidência política e advocacy para o avanço da agenda de uma bioeconomia inclusiva na região. Não haverá futuro sem uma juventude fortalecida no presente.”, enfatiza Marysol Goes, facilitadora do Hub de Bioeconomia Amazônica.

Discussões

A mediação do debate foi realizada por Noranathan da Costa Guimarães, que destacou o poder da juventude nas mídias digitais, influenciando e conquistando seu lugar de fala. “Devemos utilizar este instrumento tecnológico para dar voz à Amazônia, para fazer articulações e se fortalecer dentro da Amazônia. Estamos aqui, sempre estivemos aqui e vamos continuar lutando para manter a Amazônia de pé”, destacou.

O debate teve início com a arqueóloga e educomunicadora, Alice de Matos. A ativista abordou sobre projetos que atuam com energia solar, de caráter renovável e sustentável, para substituir a instalação de usinas hidrelétricas que prejudicam comunidades e o ecossistema na Amazônia. Alice também propôs a educação ativista como meio de capacitação para dar voz às pessoas do território paraense.

A segunda a debater foi Rayandra Araújo, representando o Amazonas. De início, lembrou que quando era criança, cresceu escutando que não deveria parecer como uma “pessoa do interior do estado”. Após iniciar sua jornada no ativismo, se diz feliz ao ver a juventude carregar suas ancestralidades amazônidas.

Rayandra destacou que a juventude traz uma outra percepção da Amazônia e que, mesmo com o crescimento contínuo, ainda faltam representantes nos espaços políticos de decisão. Para ela, a juventude é o poder da base social e precisa fazer pressão para que as mudanças aconteçam.

Em seguida, foi a vez de Natália Moraes que falou sobre a COJOVEM, onde atua na coordenação de povos e comunidades tradicionais, incluindo jovens indígenas, quilombolas e extrativistas. Para ela, um dos principais desafios é estar nos espaços e fazer as formações sem a infraestrutura necessária, como a falta de conexão via internet. “Dessa forma, as formações precisam ser presenciais e a COJOVEM aceitou o desafio de levar lições sobre empreendedorismo aos territórios paraenses”, compartilhou.

Outros desafios são a logística entre território, as diferenças entre as línguas dos moradores e até impedimentos sociais para que mulheres não pudessem sair para estudar na cidade. Por meio do diálogo, Natália conseguiu mostrar às lideranças a importância da continuidade das tradições do povo, incluindo uma turma que reunisse mulheres.

Além disso, os projetos precisaram inserir a visão cosmológica dos povos da região, algo compreendido somente por quem vivencia aquela cultura e que fortalece a sustentabilidade social. Mesmo com os avanços, ela aponta que surge discursos capitalistas colonizadores que se disfarçam de progresso para prejudicar os povos da floresta.

“Dizem que os movimentos indígenas e quilombolas são contra o desenvolvimento, mas a verdade é que não são contra. Na verdade, eles são contra o desenvolvimento que mata os povos, polui o rio, contaminam suas águas. O mercado de carbono deveria ser uma das maiores soluções, mas existem muitas más intenções. Empresas que se aproveitam do desconhecimento sobre o tema e se aproximam das comunidades para explorar os povos, com cláusulas exploratórias. Isso também mostra o descaso das autoridades em não levar a informação para as comunidades”, destaca. A fala de Natália também aponta para a necessidade de regulamentação e fiscalização das irregularidades contra a floresta amazônica.

Fórum Paraense de Mudanças e Adaptação Climática

Além das contribuições, o evento marcou o lançamento do edital de chamamento público para instituições interessadas em compor a Câmara Técnica de Juventudes, do Fórum Paraense de Mudanças e Adaptação Climática (FPMAC).

A ideia é estimular a participação da juventude, ONGs e outros membros da sociedade civil nos locais públicos de tomadas de decisões. As inscrições seguem abertas até o dia 8 de setembro e o edital está disponível no site da Semas.

Sobre o Hub de Bioeconomia Amazônica

O Hub de Bioeconomia Amazônica é uma rede local, regional e global que conecta e articula organizações e lideranças para amplificar soluções para uma bioeconomia inclusiva na Amazônia. É secretariada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e vinculada à Green Economy Coalition (GEC), uma das maiores alianças globais de organizações multissetoriais engajadas na promoção de uma economia verde e justa no mundo. Acesse https://bioeconomiaamazonia.org/ e saiba mais.

Sobre a FAS

A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia por meio de programas e projetos nas áreas de educação e cidadania, saúde, empoderamento, pesquisa e inovação, conservação ambiental, infraestrutura comunitária, empreendedorismo e geração de renda. A FAS tem como missão contribuir para a conservação do bioma pela valorização da floresta em pé e de sua biodiversidade e pela melhoria da qualidade de vida das populações da Amazônia. Em 2023, a instituição completa 15 anos de atuação com números de destaque, como o aumento de 202% na renda média de milhares famílias beneficiadas e a queda de 40% no desmatamento em áreas atendidas entre 2008 e 2021.

(*) Com informações da assessoria

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