Da Redação – Portal O Login da Notícia*
MANAUS – As culturas indígenas são a base da identidade amazônica. Primeiros habitantes e guardiões da terra, os povos da região dominam técnicas, artes e conhecimentos milenares, que são amplamente desqualificados e ignorados pela sociedade. Cuidar da Amazônia e de sua biodiversidade passa por reconhecer a demarcação de Terras Indígenas e conhecer, valorizar e aprender com os saberes e fazeres ancestrais que permanecem atuais e ajudam a conservar a floresta em pé.
Há 15 anos, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) desenvolve e apoia projetos que reforçam os valores culturais dos povos originários. Criado pela instituição, o Projeto Arquearia Indígena treina jovens em comunidades e do Amazonas a exercitar o arco e flecha como uma modalidade esportiva. O esporte é um caminho para as atuais gerações se reconectarem ou se aprofundarem em uma tradição e uma fonte de autoestima e orgulho, na contramão do esquecimento.
Instrumento polivalente, que serve desde as tarefas correntes da caça e da pesca, até fins religiosos e de proteção, nas mãos da juventude indígena, o arco e flecha ganham novos significados e revelam talentos, como os de Graziela Yaci Santos. Em 2019, a atleta do povo Karapanã entrou para a história como a primeira indígena da história do Brasil no Tiro com Arco (nome oficial do esporte) em um Pan- Americano.
Participante do projeto desde 2014, Graziela foi preparada por profissionais da Federação Amazonense de Arco e recebeu apoio para disputar competições regionais, nacionais e internacionais. Dentre elas, os Jogos Sul-Americanos de 2018, na Bolívia, no qual foi medalhista de ouro duas vezes, e o Grand Prix do México de Tiro com Arco, que lhe rendeu uma medalha de prata.
Também pertencente ao povo Karapanã, Gustavo Santos é mais um atleta revelado pela Arquearia Indígena. Em 2022, o jovem de 25 anos que acumula medalhas em torneios da categoria foi convocado para a Seleção Brasileira de Tiro com Arco. “A FAS é uma das minhas principais parceiras. Foram eles que acreditaram na gente e nos mandaram às competições, mesmo quando tínhamos um nível baixo, competíamos e não ganhávamos nada”, recorda o atleta.
Em uma década de vigência do projeto, a Arquearia Indígena apoiou 37 atletas, que participaram de 21 competições e ganharam 52 medalhas e na modalidade. O projeto conta com o apoio da Fundação Amazonas de Alto Rendimento (FAAR e da Federação Amazonense de Tiro com Arco (Fatarco).
Canoagem Indígena
Iniciativa-irmã, a Canoagem Indígena e seus atletas também vêm ganhando destaque em torneios no Brasil, fortalecendo os laços entre as culturas tradicionais e o esporte. Em 2022, a indígena Thais Pontes Yacitua foi medalhista de ouro em duas ocasiões, na Copa Brasil Controle Nacional e no Campeonato Interclubes de Canoagem Velocidade, realizados em Minas Gerais e na Bahia.
A atleta do povo Kambeba e seus irmãos, Antônio Weu (medalhista de bronze nas mesmas competições) e Tailo Xirir, foram convidados a participar da competição nacional após participarem naquele ano do 2º Campeonato de Canoagem Indígena, organizado pela FAS em parceria com a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) e a Embaixada da Irlanda.
Após o ano anterior repleto de conquistas, o próximo objetivo dos jovens atletas é a classificação para as Olimpíadas. “Eu vou treinar de tarde e de manhã para ver se eu consigo chegar a uma Olimpíada Mundial”, afirma Antônio.
Para a supervisora da Agenda Indígena da FAS, Rosa dos Anjos, os resultados “são recebidos com muita alegria, porque nos mostram que o projeto está realmente dando certo. Nós já sabíamos do potencial desses curumins e cunhantãs e acreditamos neles”.
O projeto Canoagem Indígena foi idealizado pela FAS e é realizado em parceria com a CBCa. A iniciativa já beneficiou 68 atletas indígenas e ribeirinhos das comunidades Três Unidos, Nova Kuanã e São Sebastião, localizadas na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro.
Sobre a FAS
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia por meio de programas e projetos nas áreas de educação e cidadania, saúde, empoderamento, pesquisa e inovação, conservação ambiental, infraestrutura comunitária, empreendedorismo e geração de renda.
A FAS tem como missão contribuir para a conservação do bioma pela valorização da floresta em pé e de sua biodiversidade e pela melhoria da qualidade de vida das populações da Amazônia. Em 2023, a instituição completa 15 anos de atuação com números de destaque, como o aumento de 202% na renda média de milhares famílias beneficiadas e a queda de 40% no desmatamento em áreas atendidas entre 2008 e 2021.
(*) Com informações da assessoria