‘Estamos na UTI do crime’, diz especialista em segurança pública sobre homicídios à luz do público no AM

Bruno Pacheco – Da Redação O Login da Notícia

ITACOATIARA (AM) – Em meio aos recentes casos de homicídios registrados diante da presença de público e à luz do dia em Manaus e em Itacoatiara, no Amazonas, o portal O Login da Notícia conversou com o especialista em segurança pública, Hilton Ferreira, sobre o combate à criminalidade no Estado e como frear o avanço dos assassinatos e a instalação de facções nas cidades.

Para Hilton Ferreira, que também é idealizador do ‘Oscar da Segurança e Cidadania’ e apresentador do programa Segurança Agora, da Tv Onda Digital e Site Imediato, o Amazonas vive em uma espécie de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do crime, referindo-se a uma situação de calamidade, com associações criminosas dominando cada vez mais espaço e brigando entre si por territórios.

“Estamos na UTI do crime. O Amazonas vive a insegurança arquitetada pelas facções, que se instalam nas comunidades onde só eles e os moradores, mesmo com medo, podem entrar e sair. Já temos locais onde a polícia não entra, infelizmente”, começou o especialista.

Hilton Ferreira é especialista em segurança pública (Arquivo Pessoal)

No último fim de semana de maio deste ano, somente na capital amazonense, foram registrados 10 homicídios, sendo dois casos no sábado, 27, e oito no domingo, 28. Entre as mortes ocorridas, chama a atenção para um caso: o de Matheus Rogério Machado de Castro, de 25, assassinado a tiros em um campeonato de jiu-jitsu que estava sendo realizado na Arena Amadeu Teixeira.

Os suspeitos atiraram em Matheus mesmo com a presença de uma multidão, que acompanhava atletas que participavam do campeonato. Já em Itacoatiara (a 270 quilômetros de Manaus), o mês de maio deste ano contabilizou como mais sangrento de 2023 na cidade, com 6 homicídios no total, entre casos hediondos registrados à luz do dia, em avenidas movimentadas.

No município itacoatiarense, a alta surge após o primeiro quadrimestre do ano apresentar uma redução no índice de homicídios, com seis mortes contabilizadas nos meses de janeiro a abril de 2023. Ao todo, com o mês de maio, a cidade registra 12 assassinatos no ano.

Para o especialista Hilton Ferreira, as execuções mostram que os criminosos estão cada vez mais perigosos e atuando sem medo de serem “pegos” pelas autoridades policiais. Ele explica ainda que, no caso de Itacoatiara, a tendência é os casos sigam esse “sobe e desce”, em que há meses de alta quantidade de assassinatos e outros baixo índice.

“Isso sempre vai acontecer. Se tiver dívida, eles [os criminosos] vão cometer o crime todas as vezes que, por exemplo, alguém estiver devendo algum tipo de entorpecente ou envolvido em outra situação [do mundo do crime]”, pontuou.

Luta por território

O aumento da criminalidade também tem sido observado em outros municípios do Amazonas. Em Rio Preto da Eva (a 80 quilômetros de Manaus), os moradores vivenciaram cenas de terror há cerca de duas semanas, quando a cidade registrou uma noite violenta, com tiroteio entre facções criminosas.

O caso foi amplamente divulgado em todo o Estado, após um vídeo mostrar o momento em que um grupo de homens se enfrenta a tiros pelas ruas do município. Nas imagens, é possível ouvir os disparos de arma de fogo e ver os criminosos correndo.

Combate

Ao Login, o especialista Hilton Ferreira salienta que, apesar do avanço da criminalidade em todo o Amazonas, é possível fechar o cerco das facções que dominam o tráfico de drogas no Estado. Uma das alternativas é o reforço da segurança ou a implementação de bloqueios em regiões de fronteira, como a tríplice fronteira Colômbia, Peru e Brasil.

“É preciso fechar as fronteiras, reforçar a segurança nesses pontos. O Amazonas faz fronteira com um dos maiores cultivadores de drogas do mundo: a Colômbia. Além, do Peru. Se não houver mais policiamento nessas regiões, o Estado continuará servindo de escoamento para o narcotráfico”, frisou.

Sobre a criminalidade no interior do Estado, Hilton Ribeiro defende também o reforço em barreiras de estradas ou rotas fluviais, além do aumento da frota policial nesses locais, seja para atuação nas cidades ou em lanchas blindadas para o combate ao tráfico nos rios da Amazônia.

“As barreiras e os portos são os principais pontos de entrada e saída das pessoas nas cidades, e onde o combate ao crime precisa ter, principalmente, reforço no policiamento para que a segurança pública tenha êxito”, concluiu o Ribeiro.

Operações

Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), Manaus e as cidades do interior têm recebido policiamento reforçado e operações em todo o Estado foram desencadeados, como a Cidade mais Segura, Marfim, Central Integrada de Fiscalização (CIF), que resultaram em prisões de suspeitos envolvidos em diversos crimes.

Ainda de acordo com a SSP-AM, todos os casos são apurados pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).

Redução

Apesar dos crimes hediondos, o Amazonas registrou no mês de maio uma redução de 14% no número de homicídios, em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados de forma parcial pela Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e apontam, ainda, uma diminuição ainda maior na capital, que registrou queda de 25% nos casos de assassinatos.

“Por determinação do governador Wilson Lima, reforçamos o policiamento, realizamos diversas operações e atuamos de forma muito incisiva em locais onde há maior incidência de crimes. Tudo isso foi realizado de forma muito integrada, e as reduções apontam que a integração gera resultados muito positivos”, afirmou o secretário de Estado de Segurança Pública, general Carlos Alberto Mansur.

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