Criança tinha apenas 1 ano e 7 meses quando foi vítima de abuso sexual pelo padrasto (Erlon Rodrigues/PC-AM)
Da Redação – Portal O Login da Notícia
MANAUS – A mãe da bebê de 1 ano e 7 meses que morreu, após ser vítima de abuso sexual em setembro deste ano, foi quem incitou a população a queimar e matar Gregório Patrício da Silva, de 48 anos, acusado de praticar o crime contra a enteada, segundo informou a delegada Mariane Menezes, que investiga os assassinatos. Os crimes aconteceram em Jutaí, no interior do Amazonas.
A morte da menina seguida de um estupro gerou revolta na população do município e fez com que os moradores da região promovessem um linchamento contra o homem. Segundo a delegada Mariane Menezes, a mãe da criança e outras pessoas revoltadas com o crime chegaram a entrar na delegacia para agredir Gregório.
O homem foi levado para fora da unidade prisional e foi violentamente agredido pelos moradores, que jogaram Gregório em uma fogueira. O acusado do crime de abuso sexual foi carbonizado e morreu no local.
“Desde o início, ela inflamou a população ao linchamento. Ela entrou na cela, golpeou com madeira esse indivíduo, além de ter feiro a fogueira e depois carbonizado o corpo desse homem”, destacou a delegada.
Relembre
O crime ocorreu em setembro deste ano, naquele município, após o indivíduo ser preso por estuprar e matar uma criança de 1 ano.
Os presos foram identificados como Abraão Lopes Ferreira, 32; David Araújo Freitas, 23; Mateus Soares Lopes, 25; e uma mulher de 19 anos, que seria a mãe da criança.
O delegado Paulo Mavignier, diretor do DPI, esteve presente em coletiva de imprensa, realizada nesta sexta-feira (22/11), e destacou a ação coordenada pela delegada Mariane Menezes, à frente da 56ª DIP de Jutaí.
“A população se revoltou e tentou fazer justiça com as próprias mãos em relação aos crimes contra a criança. O autor, que já estava detido, foi retirado da delegacia, linchado e queimado vivo em uma via pública do município. Entendemos a revolta da população, mas essa prática não é permitida no estado democático que vivemos”, ressaltou o delegado.
Conforme a delegada Mariane Menezes, da 56ª DIP de Jutaí, em relação ao crime de estupro de vulnerável, as investigações iniciaram com o suposto desaparecimento da criança, comunicado por sua mãe. Ela informou que a criança foi vista pela última vez no dia 17 de setembro, enquanto dormia em um flutuante no porto de Jutaí.
“De imediato, a equipe policial da 56ª DIP realizou diligências, colheu depoimentos e analisou imagens de câmeras de segurança, o que possibilitou esclarecer, em menos de 24 horas, que a criança havia sido vítima de estupro e homicídio, por parte do autor. No dia 18 de setembro deste ano, ele, ao saber que estava sendo investigado, se apresentou espontaneamente à delegacia e confessou os delitos”, explicou a delegada.
Caso de linchamento
De acordo com a delegada, após o interrogatório, o indivíduo permaneceu custodiado na unidade policial. No dia do linchamento, pessoas começaram a se aglomerar e a inflamar populares para entrar no prédio da delegacia e retirar o suspeito do local.
“As equipes da Polícia Civil, Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal (GCM) ainda conseguiram conter as pessoas por cerca de quatro horas, até a noite daquele dia, quando um grupo de cerca de 25 pessoas invadiu o local e arrombou a cela em que estava o autor”, contou a delegada.
Segundo a delegada, o homem foi arrastado para fora com muita violência e golpeado com diversas pauladas. Posteriormente, o seu corpo foi carbonizado. Toda ação foi registrada por meio de vídeos publicados em redes sociais.
“Os vídeos gravados ajudaram a identificar os autores do linchamento. Entre eles, está a mãe da criança. Desde o início, ela inflamou a população ao linchamento, além de ter entrado na cela e golpeado o indivíduo com um pedaço de madeira e ter sido a responsável por fazer a fogueira que carbonizou o corpo do autor. A mulher ainda ateou fogo em um veículo da Guarda Civil e resistiu à ordem de prisão do autor”, disse a delegada.
Ainda conforme a delegada, um dos suspeitos do linchamento chegou a utilizar coquetel molotov para depredar a delegacia, e ele responderá por explosão.
“Foi um caso chocante para o Amazonas. A Polícia Civil está cada vez mais empenhada em punir e responsabilizar autores de crimes contra crianças e adolescentes, porém, não se paga uma barbárie com outra barbárie. Linchamento também é um crime grave e passível de punição”, mencionou a delegada.
Ainda no dia de ontem, os presos foram transferidos para Manaus e encaminhados à uma unidade prisional da capital. As outras pessoas que tiveram participação na ação criminosa foram indiciadas por vilipêndio a cadáver, resistência qualificada e explosão.
Procedimentos
O quarteto responderá por homicídio qualificado, vilipêndio a cadáver, dano qualificado, incitação ao crime e resistência qualificada. Eles já se encontram à disposição da Justiça.