A situação do garimpo ilegal, entre as três áreas indígenas, é pior na terra do povo Kayapó (Christian Braga / Greenpeace)
Bruno Pacheco – Portal O Login da Notícia
ITACOATIARA (AM) – Um levantamento do Greenpeace Brasil divulgado nesta segunda-feira, 11, mostra que o garimpo devastou 1.410 hectares nas Terras Indígenas (TIs) dos povos Yanomami, Kayapó e Munduruku, o que equivale à abertura de quatro campos de futebol por dia. “São muitas as áreas afetadas e poucas as ações para interromper essa destruição”, alerta a organização.
“Cada hora que passa com os garimpeiros dentro dos territórios indígenas significa mais pessoas ameaçadas, uma porção de rio destruído e mais biodiversidade perdida. Precisamos, pra já, de uma Amazônia livre de garimpo”, afirma o porta-voz do Greenpeace Brasil, Jorge Eduardo Dantas.
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Ao todo, segundo o estudo, o garimpo ilegal na região já destruiu mais de 26 mil hectares dos três povos (área que compreende um território maior que a cidade do Recife). Coletados desde 2026, os dados são levantados com base em satélites de monitoramento do Greenpeace.
Terras Indígenas (TIs) | Áreas invadidas pelo garimpo somente em 2023 | Acumulado de áreas invadidas pelo garimpo |
Kayapó | 1.019 ha | 15.430 ha |
Munduruku | 152 ha | 7.094 ha |
Yanomami | 238,9 ha | 3.892 ha |
Total | 1.409,9 ha | 26.416 ha |
Garimpo no povo Kayapó
A situação do garimpo ilegal, entre as três áreas indígenas, é pior na terra do povo Kayapó, no Estado do Pará, de acordo com o levantamento. Na região. a atividade causou a devastação de 1.019 hectares no ano passado. No acumulado, o território tem mais de 15,4 mil hectares de garimpo.
Segundo imagens de satélites, a atividade ilegal está concentrada na parte Leste e Nordeste da TI e sobreposta a pelo menos quatro aldeias do povo Kayapó.
Confira as imagens do Greenpeace:
Munduruku
O segundo mais invadido, o território indígena dos Munduruku, no Pará, o garimpo ilegal somava 7.094 de hectares derrubados até o fim de 2023, sendo 5.600 hectares foram destruídos em cinco anos (2019 a 2023).
Apesar de alertar que a atividade garimpeira está perto de, pelo menos, 15 aldeias e que a situação é alarmante, inclusive, nos rios que cortam a região, o Greenpeace esclarece que a devastação do garimpo caiu de 430,9 hectares em 2022 para 152 hectares em 2023.
Yanomami
Em terceiro lugar, a Terra Indígena Yanomami teve 3.892 ha devastados por garimpeiros até 2023. A região, no ano passado, foi alvo de diversas ações do governo federal, que chegou a decretar, inclusive, situação de emergência nacional no território.
A expansão garimpeira no TI Yanomami teve auges, em 2023, nos meses de janeiro, março e outubro, segundo o Greenpeace. Até dezembro, a devastação foi de 238,9 hectares no último ano.
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Os dados mostram que, no ano passado, a abertura de novas áreas de garimpo teve um pico em janeiro, seguida por uma queda drástica em fevereiro, logo após o governo federal decretar situação de emergência nacional no território. Em março e outubro houveram novos auges de expansão garimpeira.
“Diante da gravidade, é crucial que o governo federal invista em mais medidas contra o garimpo nas Terras Indígenas, bem como em toda a Amazônia, que abriga mais de 90% da mineração ilegal no país. A sociedade civil também tem responsabilidade. É nosso papel mobilizar e pressionar por ações concretas. Somente com um esforço conjunto e uma resposta firme do Estado será possível superar o garimpo ilegal“, alerta o Greenpeace.