Prejuízo ambiental de R$ 400 milhões: garimpo ilegal avança pelo AM com materiais tóxicos, diz laudo da PF

Bruno Pacheco – Da Redação O Login da Notícia

ITACOATIARA (AM) – Um prejuízo ambiental avaliado em R$ 429.620.980,27, este é o dano causado pelo avanço do garimpo ilegal no Amazonas. Segundo análise de um laudo pericial da Polícia Federal (PF), divulgado na quinta-feira, 19, um material altamente tóxico, chamado de cianeto, estava sendo utilizado para a extração de ouro no Estado, ocasionando um imenso dano à natureza.

É pela primeira vez que o uso da substância, para retirada do produto na região, foi identificada pela PF. O material, segundo especialistas, tem a mesma função que o mercúrio e é uma das intoxicações mais letais conhecidas pelo homem. Assim como o mercúrio, o cianeto também consegue “atrair” o ouro quando em contato com a água e o solo. Os dois produtos, além de agredirem o meio ambiente, poluindo rios e lagos, causam a morte de peixes e levam risco à saúde humana.

Uma das consequências da intoxicação por cianeto em humanos, segundo o médico infectologista Nelson Barbosa, são as náuseas, vômitos, cefaleia, confusão mental e tonturas, em casos mais leves. Nos moderados a graves, por outro lado, as manifestações incluem o colapso cardiovascular, arritmias cardíacas, coma profundo e morte.

Operação

A descoberta sobre o uso da substância foi obtida por meio da “Operação Déjà Vu”, deflagrada na manhã de quarta-feira, 19, pela Polícia Federal. A ação buscou reprimir crimes contra usurpação de bem público da União, oriundos do garimpo ilegal na região de Filão dos Abaxis, no Sul do município de Maués (a 356 quilômetros de Manaus), no Amazonas.

De acordo com a PF, foram cumpridos seis mandados de prisão temporária e dez ordens judiciais de busca e apreensão expedidas pela 7ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Amazonas, nas cidades de Manaus/AM, Nova Olinda/AM, Goiânia/GO, Itaituba/PA e Campo Grande/MS.

Segundo o delegado e coordenador da operação, Adriano Sombra, também foram identificados garimpeiros ilegais, contratados pelo grupo criminosos, em condições sub-humanas. Sombra destacou que os trabalhadores ilegais não tinham acesso nem a água potável.

“Eles não tinham acesso a água potável, nem local pra alimentação e estavam ainda sem equipamentos de proteção individual. Como os garimpeiros estavam usando o cianeto na extração, foi constatado que os trabalhadores estavam se autocontaminando”, pontuou Adriano Sombra.

Seis mandados de prisão temporária e dez ordens judiciais de busca e apreensão foram cumpridos pela Polícia Federal (Divulgação)

Com o auxílio do Instituto Chico Mendes (ICMBio) e policiais da Força Nacional, a PF informou que destruiu as estruturas utilizadas para o garimpo ilegal. “Além dos mandados, foi determinado o bloqueio de bens e valores das pessoas físicas e jurídicas investigadas, tal como o sequestro de bens móveis e imóveis que, eventualmente, estejam em sua posse”, informou a PF.

Ainda de acordo com a PF, as investigações contra o garimpo ilegal tiveram início por meio de denúncias de moradores, que informaram aos policiais sobre poluição das águas e morte de peixes e demais animais que servem de alimentação para comunidade local.

“Constatou-se, por meio de laudo pericial, um sofisticado esquema de lavagem de capitais com o uso de Permissões de Lavra Garimpeira (PLGs) sem nenhuma ou com pouca intervenção humana, atividade conhecida como esquentamento do ouro”, disse PF.

“Os crimes em apuração vão desde Crime de usurpação de bem público da União, Crime ambiental de extração de bem mineral sem autorização do órgão responsável, Crime ambiental de utilização de substância perigosa ou nociva à saúde, ou meio ambiente (mercúrio/cianeto), Associação Criminosa Armada, Lavagem de capitais, submeter alguém a trabalho escravo, ou a condição análoga, cujas penas máximas somadas ultrapassam 30 anos de prisão”, comunicou a Polícia Federal.

Déjà Vu

O nome da Operação Déjà Vu é uma alusão ao retorno do garimpo na região de Maués. Em 2015, a Polícia Federal realizou a Operação Filão dos Abacaxis, onde identificou 20 trabalhadores em regime análogo à escravidão e prendeu os mesmos alvos da ação deflagrada na quarta-feira, 19, pelo mesmo crime.

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