Bruno Pacheco – O Login da Notícia / Especial para a Revista Cenarium
MANAUS – Um policial militar, identificado como Fabrício Araújo, atirou contra a própria esposa, a assessora parlamentar Gilmara Silva, no centro de Itacoatiara (distante 270 quilômetros de Manaus), na segunda-feira, 10. A vítima atua no gabinete da vereadora do município, Andréia Mara (PSD), e corre o risco de ficar tetraplégica.
O caso ocorreu por volta de 3h, quando o casal estava saindo de um bar. O policial, lotado na Casa Militar da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), alegou que estava manuseando o armamento quando o gatilho foi acionado sem querer. O disparo acertou entre a região do pescoço e a coluna da esposa. Familiares não acreditam na versão do esposo.
A vítima recebeu os primeiros socorros em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itacoatiara e foi encaminhada para o Hospital-Geral José Mendes. Devido o estado inicial da assessora ser considerado grave, a unidade hospitalar transferiu a mulher para a capital para ser submetida a uma cirurgia. Familiares de Gilmara Silva não acreditam na versão apresentada pelo esposo de que o disparo da arma tenha sido acidental e suspeitam de uma tentativa de feminicídio, pois o casal tem histórico de brigas.
Estável
Servidores da Câmara Municipal, e que trabalham com Gilmara Silva, afirmaram nesta terça-feira, 11, que a vítima tem quadro estável. A vereadora Andréia Mara afirmou que está aguardando uma avaliação da equipe médica, mas que “só o tempo pode dizer as sequelas que Gilmara vai ter”.
“Como todos sabem, a Gil, até o momento, fala que foi um acidente, mas a família acredita que não foi. Já têm relatos de agressões do companheiro dela. Neste primeiro momento, é lutar pela recuperação dela e esperar para podermos conversar com a Gilmara”, destacou.
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Ainda na segunda-feira, Andréia Mara falou sobre o tiro, durante sessão plenária da Câmara dos Vereadores de Itacoatiara. Segundo ela, a vítima confirmou que o disparo do policial foi um acidente. A parlamentar esclareceu, por outro lado, que as versões do episódio devem ser investigadas e que ela espera que o homem receba as devidas punições.
“Todas as medidas foram tomadas. Já anunciamos a Casa Civil, o Ministério Público, e a gente espera que o culpado seja punido. Naquele momento, Gilmara, que é minha assessora, falou que foi um acidente, mas a gente sabe o que se passa na cabeça da gente; se foi uma ameaça que ele fez com ela; o que aconteceu, nós estamos investigando”, declarou.
Ainda segundo a vereadora, Gilmara corre o risco de ficar tetraplégica (condição física em que o paciente não consegue movimentar ou sentir o tronco, as pernas e os braços), por conta dos nervos que ligam o pescoço à coluna da vítima. A parlamentar afirma que o caso não vai ficar impune e que busca apoio de delegadas, em Manaus, para investigar o episódio.
“Eu quero dizer a todas as mulheres que eu, como mulher, mãe, presidente da Comissão da Mulher, que esse caso não vai ficar impune. A gente espera resposta. […] Ela correndo um grande risco de até não andar mais, mas a gente pede a Deus que isso não aconteça e que dê tudo certo na cirurgia dela. Nós, mulheres, não vamos nos calar. Precisamos dar um basta. O feminicídio está aumentando, cada vez mais, e a gente precisa se unir”, destacou Andréia Mara.
Outro lado
À reportagem, a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) disse, em nota, que instaurou Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar o caso.
“A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) informa que a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio da Delegacia Especializada de Itacoatiara, instaurou procedimento para investigar o caso e que, até o momento, o suspeito ainda não foi localizado para prestar depoimento. A vítima foi transferida para uma unidade de saúde da capital. Informa, ainda, que a Polícia Militar do Amazonas (PMAM) tomou conhecimento do fato e determinou instauração do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para que o caso seja devidamente apurado e as medidas administrativas, em relação ao ocorrido, sejam tomadas”, diz a nota.